segunda-feira

Fudido com "O" - Sexto Fascículo

Make Up: a espada mágica

A primeira reação àquele trinado, que se pronunciava por detrás das sujas paredes do banheiro feminino, foi fincar o pé no azulejo, como se aquilo fosse derrubar a casa.

Okay, não derrubei porra nenhuma e ainda descolei uma dorzinha incômoda no dedão do pé direito, que latejava em contraponto com o galo que cantava dentro do meu crânio, desde a hora que chifrei o teto. Aquilo compunha um terrível acompanhamento rítmico para a melodia do curupaco que eu andava perseguindo. E ele me maltratando...

Cansada de dar murro em ponta de faca. Que minha mãe não me criou prá ser prego, nem pra chupar prego, recobrei alguma dignidade raspada do fundo do tacho da alma.
Uma Lourona entrou no banheiro ajeitando a calcinha. Trouxe consigo o cheiro quente e misto das suas curvas. Trocamos palavrões amistosos e ela desapareceu numa cabine.

Fui ao espelho.

fssssssssssssssssssssss!!!

Os pelos da nunca se arrepiaram todos, no contato dos meus olhos com meus olhos e toda a fuligem entre um e outro.Fazia tempo...

Enquanto eu me perdia na minhas próprias feições, outrora mais delicadas, a loira ressurgiu. Me divertia tentando enxergar uma beleza esquecida por trás das tristeza todas e ela logo percebeu, me estendeu a mão com rímel, base e batom.

Retocamos juntas a maquiagem. Fazia tempo...

Acertei a altura dos soutien, ensaiei o sorriso. De novo. Sai me pensando linda. Fazia tempo...

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