Tem dia que é Sol.
Prum lado e pro outro. Tem um que é Sol, porque brilha, reluz e aquece. O que é verde, amadurece; o triste: esquece. Tem outros que é Sol porque o bagúio frita agente, dá suadouro de derretimento, e é aquele inferno.
Hoje tinha sido assim: inferno frito. A impressão que eu tenho é que esse Sol todo na cabeça, da gente, cozinha os miolos. Amolece as idéia. Agente se amoqueca todo...
E é hélio, se impondo sobre e em todas as coisas, como se não admitisse nada que não fosse ele mesmo. Ofusca, contamina de luz.
E é aquele bafo, que inverte as vontade do povo. Aquele desejo que se inspira no suor dos outros. Uns corpos se exigindo, sem panos.Aí, às vezes é bom; se se tem a quem.
Se não, é só desconforto prá atormentar o cidadão.
No teto, tinha ventilador. Além, fora, a noite. E dentro, calor. Mas dentro, ainda mais dentro, noite de novo. E frio, um pouco de frio.
Mas como eu dizia, chamou-me aquele sujeito do balcão, baforando seu "charuto de coxa", e ele era um hiena.
A fumaça fedia; expandia sua presença pelos quatro cantos do bordel, onipresenciava sua existência naquele ambiente.Ele, me chamando, passou a falar, mesmo não se apresentando nem nada, umas coisas. No supetão logo lançando, atrás daquele fumo forte, as coisas, em tom rouco que arroupeia:"...do Norte que vai um dia vir lobo... ...olhos de sangue nos olho... ...o tu que vai de ter de escavoucar as força..."
e outras bobagem, sempre com esse jeito de quem tá sabendo das coisas, até de mim, mesmo, que eu num sei... aquilo foi me irritando:"Porra, tio, vai se foder!" Lancei, já saindo fora. Daí que ele foi me segurando pelo braço e pôs os olhos dele bem lá no olho dos meus e desbaforou um tanto, grosso, daquele fumacê danado bem na minha fuça.
Tonteei.
No meio daquela neblina súbita, se desprende da minha garganta uma frase cambaia:
"Achque preciss... banheru!"
As ânsia.
A lá que fui, me amparando na coisas e nas pessoas. Pronto, já estava mal visto naquela boatizinha fora da linha. E nem deu nem vinte minutos que eu tava lá...
Carregava a minha cruz, que era alguma coisa lá dentro, querendo me escapulir pela goela. E andava sobre a água, o mijo, os gorfo, e tudo o mais que se encontra entre uma plaqueta que assinala WC e o vaso sanitário.
Confessionário.
Me ajoelhei solene e capenga prá fazer minha oração, e aquilo tudo catapultou-se bucho afora da minha pessoa.
PREPARAR PARA ENTRADA NO HIPERESPAÇO
Vulcanizei-me as tripas com brutalidades e cruezas. A maior confusão. Respingo e ricochete.
*.*.*.*.* estrelinhas.
Abrindo as pestanas, uma coisa primeiro me alarmou: A tampa, imbecil! Tem que levantar a tampa da privada!
Óquei, isso já foi uma merda, por causa que a gorfada, no choque com a privada fechada, expandiu-se até os horizontes da existência, até onde alcançava a vista, tingindo o cenário com tons (e isso aí é que mesmo mais me alarmou) esverdeados. Reluzia em gosma a toillete. A cabine rescindindo a ânsia:
Fosforescia...
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