O corpo fala mais, pois fala no cheiro, no veludo e no movimento.
É claro, antes tem sempre um par de formalidades a cumprir:
"Boa noite"
"Boa noite"
"Dança?"
"Nome?"
"Calor?"
Calor!
Ela irradiava as beldades da forma e da essência, paradinha no fundo do salão de baile.
Ele batia suas notinhas sem parar, no jeito de um polvo-pavão, lutando prá arrancar qualquer ondulado daqueles quadris tão bem acabados. Um pezinho batendo, que fosse, marcando o contratempo...
Nada! Ela seguia irredutível.
Tiveram uma pausa. Ela se fez aparecida, ele chegou junto.
Perambularam procurando qualquer desculpa prá ser atracarem ali mesmo.
Não encontrando, ela tomou as rédeas e carregou o novo bibelô pro Paraíso.
O mundo se pintou de vermelho e bosta de coelho.
Se tornaram em ninho de cobra viva. No entrelaço de membros e braços, ele nem viu que ela lhe punha, com todo carinho, o laço no pescoço.
O laço era de contas amarelas, alinhadas num cordão fechado.
Ela foi se, de repente. Negou o convite:
"Não posso..."
E se sumiu no Sumaré.
A primeira coisa ele que sentiu ao acordar, sozinho, foi o aperto do cordão na garganta. Na garganta e no fundo do peito.
Nessa manhã começou sua procura.
Telônios
Nenhum comentário:
Postar um comentário