quinta-feira

Desce o Pano

Depois da calmaria, sempre vem a tempestade.
Depois da cobertura, sempre vem o recheio.
Depois da bola, sempre vem uma criança.
Depois da putaria, sempre tem um cigarrinho.

A sabedoria popular tá infestada de causas e consequencias siamesas, paridas e formadas em parelha, feijão dá em peidorreira braba, e não há quem diga que não.
Hoje, porém, não houve consolo sábio, para nosso acalanto. Se ontem fomos cinzas, que papel nos resta hoje?
Cá prá mim, só resta tirar os fiapo de jaca das frieira e esticar o pescoço prá além dessa manguaça.
Ressaca dos pés à caveira. Ressaca moral, somática, espiritual, econômica, material, e o que é pior: em escala nacional!
Anteontem fui labareda e brasa, ontem ardi em carvão até me saber em cinzas, mas e depois?
Sopraram debaixo dessa cinza, mas lá não tinha lenha prá queimar.
Um vento vadio invadiu a varanda, embalando a rede que me amparava. A segunda baforada, ainda mais agradecida, acariciou a dor daquele calo de estimação, que andava especialmente reclamão. A terceira lufada porém, espalhou as cinzas da quarta-feira porta afora. Porta Bandeira, Rainha? Só no ano que vem...
Hoje e amanhã: agente gasta o branco do dente na quina do batente.

E como dizia o poeta: começou o intervalo insuportável entre o carnaval e o ano novo.

Um comentário:

Zé Otavio disse...

hummm...
porra!
gostei pra caralho!
ta muito mió de bão!
é.. acabou o carnaval!
agora só da trabalho...